Frente de Esquerda Socialista
CARTA ABERTA
A Frente de Esquerda Socialista lançou, nesta semana, uma carta endereçada às Centrais Sindicais sobre a realização da greve geral no dia 28 de abril contra as reformas do governo de Michel Temer (PMDB). Diversas categorias já aprovaram em assembleias a participação com iniciativas pela base. Também estão sendo convocados manifestações unitárias em diversas cidades. No Rio de Janeiro, há comitês de base pela greve geral como o da Praia Vermelha, da UFRJ, que reúne estudantes e funcionários da universidade. No entanto, ainda há um impasse sobre o caráter da atividade unitária.
Na última reunião das centrais sindicais e frentes foi anunciado por algumas centrais o interesse da realização de um ato-show, na Cinelândia. A Frente de Esquerda Socialista e outros setores, como o sindicato dos profissionais em educação, o Sepe, não corroboram da mesma opinião. De acordo com a carta da Frente, a atividade “não está de acordo com a combatividade que a agenda reacionária de contrarreformas do governo ilegítimo nos exige”, propondo “chamado a uma marcha combativa e unitária em defesa das pautas de nossa greve geral”.
Leia a carta abaixo, na íntegra:
“No Rio de Janeiro, marchemos juntos contra as reformas de Temer no dia da greve geral!
Companheiros e companheiras dirigentes sindicais cariocas, vocês sabem que a Frente de Esquerda Socialista está junto com todas as centrais sindicais e demais frentes construindo a greve geral do próximo dia 28. Temos concentrado nossas energias, sobretudo, na construção dos comitês de base, instrumento que julgamos vital para a construção democrática da greve geral e para potencializar a mobilização de massas contra as reformas e o governo Temer.
É sabido, também, que há uma polêmica na preparação da greve geral no Rio. Parte das centrais insiste na ideia de que as paralisações e ações do dia 28 culminem em um ato-show, no final da tarde, na Cinelândia. Já existe uma programação divulgada para esse evento, que inclui DJs e apresentações de grupos musicais.
A Frente de Esquerda Socialista acredita que essa proposta não está de acordo com a combatividade que a agenda reacionária de contrarreformas do governo ilegítimo nos exige. Julgamos que seria muito mais adequado, a fim de que a greve geral tenha o maior impacto possível na conjuntura nacional, que o dia 28 terminasse com uma grande manifestação que marchasse pelas ruas do Centro da cidade – nos moldes da grande manifestação que realizamos no último dia 15 de março.
Não somos contra o formato ato-show por princípio. Esse tipo de instrumento pode e é muitas vezes eficaz para realizar manifestações. A incorporação de atividades culturais aos nossos movimentos é, evidentemente, muito bem vinda. Ocorre que, no contexto em que vivemos e em que se situa a necessidade de uma greve geral que combata com a maior dureza possível o governo e os grandes empresários deste país, a proposta que a maioria das centrais está fazendo nos parece desastradamente conservadora.
Concretamente, significa que a segunda capital mais importante do país corre o risco de não realizar uma marcha unitária e combativa, com todas as forças disponíveis, contra Temer e em defesa dos direitos do povo pobre e trabalhador. Outras capitais, como São Paulo, as mesmas centrais que os senhores e as senhoras representam já estão divulgando a realização de marchas desse tipo. Essa é mais uma razão que nos motiva a lhes fazer um apelo para que mudem o curso das coisas. Ainda é tempo.
Felizmente, a Frente de Esquerda Socialista não é o único setor envolvido na preparação da greve geral que tem essa mesma opinião. Muitos ativistas estão, corretamente a nosso ver, indignados com essa situação. Tomamos conhecimento de que assembleia do SEPE, o MUSPE, o fórum dos SPFs e a Frente Povo sem Medo já aprovaram convocar uma concentração para as 14h, na Alerj, que partirá rumo a Cinelândia. A FES saúda essa iniciativa e também se soma a esse chamado.
Com esta carta aberta, queremos fazer um apelo a todas as centrais sindicais para que revejam a decisão de realizar somente um ato-show no dia da greve geral e para que incorporem, jogando todas as suas forças, o chamado a uma marcha combativa e unitária em defesa das pautas de nossa greve geral. Pensamos que essa é a decisão mais coerente que pode ser tomada, dada a gravidade dos ataques aos nossos direitos e a radicalidade exigida para travar a ofensiva do governo ilegítimo e do Congresso Nacional reacionário.
No próximo dia 25, terça-feira, está indicada a realização de uma nova Plenária das Centrais e Frentes. Chamamos as centrais a aproveitarem a oportunidade para reverem sua posição e organizarmos, todos juntos e de forma unitária, uma grande marcha – atendendo ao chamado dos profissionais em educação, servidores e demais setores.
Pelo êxito da greve geral é que lançamos esse diálogo. Insistimos que ainda é tempo de refletir e tomar uma nova decisão.
Saudações,
Frente de Esquerda Socialista
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2017”.
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